03 fevereiro 2009

padre ou puta

depois de ler esse meu último post, o do conto, comecei a pensar que todas as vezes que me referi à queda de energia, falei especificamente da falta de luz sem me ater que uma geladeira estaria descongelando, que um aparelho eletrônico poderia ter queimado, ou que até numa emergência não haveria um telefone sem fio ou um elevador a funcionar, ou seja, não liguei para a falta de energia, mas só para a falta de luz e agora percebo porquê, porque talvez o que eu quisesse dizer é que passamos nossos dias assim, faltando luz. Quem sabe eu estivesse pensando na cegueira de saramago, ou nas burocracias de kafka, é bem provável. Gosto muito de perceber que quando acaba a luz a gente percebe que acabou a luz não só de fora, mas uma outra da gente. O meu próximo passo a relacionar isso com nossa ligação com outras pessoas, e ainda prematuro começo a dizer que a gente só sente que ama, quando resolve olhar para o amor, ou resolve sofrer quando resolve olhar para o sofrimento, assim como só nos vemos quando estamos no espelho. Quem nunca olhou pro amor só poder ser padre ou puta.

Nenhum comentário: