amor de livraria e amor de sebo
Costumo
dizer que há dois tipos de amores no mundo: amores de livraria e amores
de sebo. Os amores de livraria tem um cheiro de novo, um aspecto belo,
higiênico, que leva em conta o estilo e a capa, a novidade e o avanço. O
dinheiro está no caminho e avança pelo gosto e pela cultura, tomando o
espaço pelas cores que tomam nossos olhos.
Já o amor de sebo é
menor, mais baratinho, de fundo de galeria, amor dos amantes, dos
especialistas, dos despojados e dos silenciosos, dos garimpeiros e dos
alérgicos. Amor desbotado pelo tempo, com alguma traça, com gatos que
espantam ratos e um amarelo que dissolve em meio à poeira. Amor estranho
esse de sebo, amor que tem história, viaja e já foi da mão de outros: é
livre e por isso mais intenso. É um amor raro e que precisa passar por
todos esses testes pra ser amor.
Eu, claro, sou adepto ao
segundo e comecei a pegar alguns livros velhos aqui de casa para
revender afim de comprar outros pra mim. De repente, me deparo com uma dedicatória em um deles, de não sei quem e de não sei de onde e que tem apenas uma data: 1980. Eis:
"A friend is someone you love,
someone you cannot do without,
someone you long to be close to.
a friend is love, tenderness, security
a friend is everything.
to lucy babe
with all my love
chris"
Queria tanto saber a dona desse livro ou saber quem é Lucy ou Chris. Mas não, vou revender e repassar esse amor pra frente.
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