Ela sussurra ao meu lado. Não sei se de dor ou de amor. Está doente. Porém, muito mais frágil que doente. Ela precisa que agora eu a olhe, sorria e lhe diga que tudo ficará bem. Ela vira para o canto como quem vai dormir, como quem quer sonhar comigo. Suas últimas palavras foram: “Me dá um beijo.” Eu dei. Sinto por ela o que nunca senti. Mesmo sabendo que nunca experimentamos um mesmo sentimento duas vezes na vida, sinto o dela pródigo, daquele que vivemos sem, mas que sempre recebemos fartamente de volta na gente.
O silêncio é o melhor amigo da noite. Às vezes, carros passam e furam o silêncio. Hoje não tem lua, não tem estrelas, o céu está quase nublado. A igreja ao lado toca o sino e as luzes lá fora começam a se apagar. Enquanto ela, ao meu lado sussurra. Não sei se dor ou de amor.
Luiz Antonio Ribeiro
24/09/06
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