Temo não chegar a dizer aquilo que exatamente quis, mas não temo a escrever e não entender. O fato é: estou vivo e a expectativa é que viva um pouco mais, ou muito mais. No entanto, como manterei viva aquela vontade que dizem nossa de perpetuação? De que maneira, eficaz ou não, justa ou não, meu corpo vai trabalhar para que eu fique no mundo?
Acabei de ver Zuzu Angel, por isso escrevo. A morte do filho Stuart é averiguada até o fim da/pela mãe. Ela de maneira alguma enxerga política ou relação de conduta na história, ela não devia nem saber que lado torcia, mas sabia exatamente o que o filho era para ela: A parcela de perpetuação da vida dela. Os vestidos iam ficar velhos, rasgar, serem usados por pessoas que nem os merecia, mas seu filho não, era ela, parte dela, que de tão não-ela, pensava e agia de forma tão confusa, o que na concepção dela, não parecia estar esclarecido, mas era o lado do filho, logo era o lado dela. E assim foi. Egoísta, narcisista, ela foi mãe. Culpada e infantil, ela foi mãe. Por isso, mais que absolvida, ela está perdoada. A catarse está feia. Feita até o fim, at[e a epifania, a ordem está reestabelecida. E mais uma vez a mãe está certa, não de acordo com a justiça, não de acordo com o mundo, mas de acordo comigo. Eu amo Zuzu Angel e sempre perdôo as mães.
Luiz Antonio Ribeiro
15/08/06
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