02 novembro 2007

senão transborda

Eu não sou um revolucionário. Muito menos um desbravador livre e moderno, um cara atual, antenado nas novidades do mundo e da sociedade. Pelo contrário, acho que apesar de toda minha atitude, até certo ponto anárquica, sou bastante conservador. Toda minha pulsão e revolução é retórica, na busca de um fio tênue de algo que imagino eu, deve ser conservado.
Em relação a mulheres então, sou uma múmia. No meu tempo, e não é que eu queira dizer que eu seja velho e as coisas mudaram, pelo contrário, quando digo no meu tempo, é na minha idéia de tempo, de passagem, de multiplicidade rítmica, enfim, no meu tempo mulheres eram ganhas com discursos, palavras e atitudes se não nobres, que forjavam nobreza. O Arnaldo Jabor disse numa das crônicas que para conseguir alguma coisa com elas chegou a apelar para Marx, Deus, e chegar a citar o ato como uma “luta contra o imperialismo”. Hoje, ou ontem, eu vejo muito que não. Não deixo de olhar os movimentos noturnos e as paqueras por status com um certo tédio, e percebo que os valores, até nos que tem valores, é que os que têm mais amigos são mais “aptos”, são alvos. E isso me dá preguiça, porque eu não mais sei interagir assim com muito esforço e pouca sinceridade. No fundo, até gosto da minha imagem, do tímido que pouco fala, mas quando fala sempre alguém ouve, aquele que perto de pouca gente, consegue se divertir com o mínimo e vê toda a atividade obrigatório com preguiça, essa é a palavra, tive de repetir.


A grande verdade, que na verdade é pequena, mas que eu sinto grande é essa enorme massa de solidão eu vivo. Acho que em alguns anos vou enlouquecer, já que hoje não consigo me fazer entender. Essa semana na faculdade ao estudar A gaivota do Tchecov, a professora dizia que apesar de ser levado como um cara dramático, ele estava longe disso, e que quando a personagem Macha começa a peça de preto e diz: “sou infeliz”, isso de nada lhe faz ser triste, ou pra baixo, pelo contrário, a infeliz é a q mais vive naquela peça, e é como se fosse “sou infeliz, fato, agora vou viver minha vida como puder”. É isso, e mais não se diz!

Um comentário:

Leonardo Barros disse...

Ei te achei no blog da Tia Suzana, Dei um,a olhada e gostei, me parece que já somosamigos de orkut. Posso te linkar?
Bom me indentifico com o post, parece que nasci pra ser solitário!
Temos que viver!
abraços