21 outubro 2008
O caso de santo andré
Uma coisa que me enche um pouco o saco e me deixa com preguiça de brasileiro é esse sentimentalismo chato, burro e sem cultura. As discussões sobre o caso do sequestro da menina Eloá são sempre cheias de mel, açúcar e danoninho, agora também em versão líquida. Não que não devamos nos sentibilizar, pelo contrário, devemos discutir e reavaliar algumas coisas justamente porque presenciamos algo que ainda é capaz de mexer com nossa tresloucada mente quase insana, entretanto para mim não é essa a grande questão.
Talvez seja e isso foi minha mãe que me atentou ainda no segundo dia do sequestro ao dizer: "onde está a mãe da menina? e do menino? e os parentes? ainda não falou ninguém." E era verdade, até o desfecho eles estiveram praticamente sumidos, falavam pouco e não me recordo da cara deles, enfim esse exemplo para variar não cabe no que quero dizer, mas a idéia sim. Percebi nesse rapaz um certo desamparo, uma carência, uma falta de alguma coisa muito importante, uma espécie de pertencimento, e talvez por isso que ele tenha atrasado tanto o fim do caso. Foi seu spotlight na vida, talvez agora ele possa morrer em paz. Senti tanto ele quanto ela desabrigados, ela ninfeta e gostosinha com 15 anos, com capacidade de enlouquecer um rapaz tão mais velho e ele que talvez por falta de ênfases no emprego, com os pais, com os amigos e nas bebidas, tenha depositado tudo no amor daquela menina, amor que aos 15 anos geralmente dura pouco.
Então, um crime paixonal é assim, mas pera lá, não sempre assim. Geralmente nesses crimes é comum que se mate a moça e depois se mate e que vire herói, quando o amor faz tudo valer a pena, tal qual Werther muitos anos antes, mas não, ele mata ela, não mata a amiga e não se mata, não faz nada contra si, pois nesse caso era a vez dele, a vítima na sua própria visão, se redimir. E a polícia que invade de forma inconsequente o apartamento acaba deixando ele matar a menina, mas chega a tempo dele pensar em se matar, impedindo-o talvez até disso.
O que me preocupa não é esse caso isolado, são todos os que já vivem isolados, porque se todos resolverem virar lindembergs, o mundo pode não ser mais...
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