- então quer dizer, Lori, que você está feliz?
Fazendo que sim com a cabeça ela sorriu, mas por um pequeno instante baixou o olhar de um jeito que nem ela mesma conseguiu perceber, era por isso que Ulisses precisava estar atento, porque alguém precisaria saber como sofrer. Quietos os dois por algum tempo e tudo ficou claro para ela: tudo só existia enquanto saía para o exterior, portanto tudo na vida deveria deixar pistas, deixar rastros e a felicidade dela deveria transbordar para o lado de fora para ser exatamente a felicidade que ela queria que tivesse, no entanto isso demandava algum esforço porque percebia, enfim, que se sentia completa na medida em que estava em constante mudança mas a ameaça de fixação dessa mudança já lhe causava um certo incômodo. Era a calmaria que ela sempre quisera, mas sem paz, porque paz há quando há tempestade, paz há quando o coração já está cheio de se encher, paz não é sair de casa, mas ter sempre casa onde estiver, e na vida de cada um de nós sempre poucos serão casas. Lori percebeu que voltaria.
Por isso, Lori depois de uma longa pausa que quase fez com que Ulisses se esquecesse da pergunta resolveu responder com a voz embargada e uma raiva sufocada que ela poucas vezes sentira:
- Estou, Ulisses. Estou bastante feliz...mas agora menos.
Ulisses entendeu o que ela havia dito, não teve resposta mas passou o resto da tarde a sentir-se mal, porque percebeu assim de susto que havia pensado sobre as mesmas coisas que ela.
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