24 setembro 2009

A decadência

Fosco. O espelho do banheiro embaçado do banho escondia a cara dele. Isso porque ainda tinha espelhos em casa. A mobília, outrora, confortável, agora era só digna. Não há meios, por mais que se tente, de se falar da decadência. O espelho embaçado do banheiro mostra um rosto desfigurado e cansado e mesmo a ausência dos espelhos deflagra a ausência de olhar para si e a mobília é, e sempre sá, a representação de um estado de alma, não uma alma metafísica, mas uma alma social, uma alma prática e objetiva.
Se cada um de nós é o que aparece e, como diria Wilde “só um tolo não julga pela aparência”, diria que a decadência é tudo aquilo que se vê como um eco do passado. É como se tudo que não se é mais, fosse...

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