08 outubro 2009
cinema: Cristophe Horoné
Não foi com surpresa que me encantei com o excelente "A bela Junie" (La belle personne - 2008) de Cristophe Horoné: o diretor frânces de 39 anos que tem se mostrado uns dos mais hábeis e encantadores cineastas da atualidade. Ele tem como maior caraterística a capacidade incrível de tratar sentimentos com uma percepção estética precisa, ou seja, nem cair para dramalhões ou lamentações exageradas, muito menos praquela contenção chorosa super comum nos cinemas. Muito pelo contrário, ele foge dos constante sussuros do cinema frânces e coloca em cena, quase sempre napeloe do ator Louis Garrel, uma forma contemporânea de se lidar com o sofrimento, ou seja, com um isolamento franco, seco, mas não menos dolorido, numa espécie de hibernação do sentimento, como se tudo que aparecesse fosse apenas um rastro do real.
Meu filme preferido é "Em Paris" (Dans paris- 2006) com Romain Duris, onde o protagonista, após terminar um relacionamento se isola dentro da casa de seu pai que vive com seu irmão e passa por um longo processo de enclausuramento, tanto físico quanto mental, enquanto seu irmão num mesmo dia se envolve com três mulheres. Essa discrepância deflagra não só uma desvalorização de ambas as atitudes, mas como também as reafirma como verdadeiras. A grande cena do filme é quando Romain liga para sua ex-esposa interpretada por Joana Preiss e ambos, através de uma canção, falam de sua situação num verdadeiro tratado sobre o amor.
Em "A bela Junie" é a beleza enclausurada dela que faz todos os sentidos se deflagravam entre as personagens de uma escola, enquanto que a própria moça, refém da própria beleza, se torna esquiva, amedrontada, acorrentada.
Destaque também para outros filmes do mesmo diretor como o chocante "Minha mãe" (Ma mere - 2004), no qual o protagonista se inicia sexualmente através dos ensinamentos da própria mãe e o cantado "canções de amor" (Les chansons d'amour - 2007) que revela uma liberdade sexual representada por um relacionamento triplo.
É preciso assitir Horoné, para o aperfeiçoamento de uma sensibilidade contemporânea. Uma visão nem idealizada, nem em ruínas, uma visão que ao mesmo tempo é simples, mas que revela, como numa profecia, um caminho que seguimos.
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