21 outubro 2009
se ferir
O estômago doía e ele ficava mal humorado. A cabeça não parava de repetir uma música qualquer e o fígado parecia se esforçar para expurgar o que é que fazia mal. Não havia ele ali naquele momento, apenas a consciência de que assim que a dor passasse ele voltaria. Lembra de um tempo que sempre tinha alguém pra segurar sua mão sempre que doía, alguém que ouvia os berros, os gritos, os xingos (todos em graduações diferentes) sem reclamar, sem se machucar, sem sentir dor, porque ali quem doía era ele. Agora todo mundo quer doer também, digo que dói e a pessoa diz: "eu também, no pâncreas, nas costas...", sendo que só quero e ele só quer que doa agora mas passe, porque doer não tem tanta beleza assim. Por isso não ficam doentes e não gostam de remédios. Nem doer, nem curar. Nem morrer, nem matar. Apenas se ferir.
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