Semana passada resolvei baixar alguns filmes do Kubrick. Assisti, então, essa semana dois filmes dele de guerra, os dois me impressionaram bastante, então resolvi falar um pouco de cada um deles.
O primeiro foi "Nascido para matar", filme de 1987.
O filme começa num treinamento de fuzileiros que vão para a guerra do Vietnã. Vendo eu aquele cenário típico de Kubrick, mas com aqueles espaços conhecidos de filme de guerra, comecei por esperar o que tem, em geral, em todos eles. Me enganei. Kubrick usa de um ultrarrealismo, um exagero quase mórbido das ações e dos tipos de personalidades que devem ser neutralizadas, que nos leva a perceber o absurdo que é um treinamento de guerra. Nos leva a perceber todos os erros que vimos no Vietnã. Consegui perceber claramente o que é tratar o homem como estatística, mas não só o inimigo que "comunista" deve ser liquidado, mas também os seus. Não existem homens, não existe humanidade e sociedade, somente uma nação que deve ser honrada até o fim, até a morte. Essa lógica que me parece totalmente tresloucada é a lógica deles. Será ainda a lógica vigente? Aos poucos as personagens vão enlouquecendo de um modo típico, completamente diferente, mas enlouquecendo, perdendo a capacidade de perceber as coisas e, cada vez mais pragmaticamente levados a analisar os fatos. No fim...bom, parece que não tem fim.
O segundo foi "Glória feita de sangue", filme anterior ao primeiro que citei, de 1957:
Nesse filme a questão é do poder. Uma idéia, um desafio, uma oferta de posto é o mote para que um General resolva que os soldados de uma trincheira francesa invadam o chamado "formigueiro alemão". E um exército cansado e abatido depois de 2 anos naquela situação que não sai do lugar não acredita que é possível, nem seus sargentos ou coronéis, somente o General, que passa as ordens e todos acatam. Enfim, a morte de muitos e o recuo de alguns que são julgados por covardia e escolhidos aleatoriamente para o fuzilamento por não honrar a pátria.
Num determinado momento do fracassado ataque o Genaral manda que a artilharia mate seus próprios soldados que recuavam, como se a derrota deles, A MORTE DELES fosse a derrota do general. Conto a sinopse porque só isso já me parece absurdo, todo esse jogo de poder, essa impossibilidade de contestação de explicação, essa completa ausência de liberdade, impedindo que cada um seja capaz de analisar e julgar, faz com que ninguém, nem os poderosos sejam capazes de analisar e julgar. E no fim...mesmo que algumas coisas mudem, o fim é sempre fim. Fim após mais muitas mortes.
Era só isso mesmo que eu queria dizer.
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