09 março 2011
avatar
Só assisti Avatar do James Cameron agora um ano depois do Oscar em que ele perdeu para Guerra ao Terror, de sua ex-esposa Kathryn Bigelow. Não gostava da idéia de se gastar milhões em tecnologia para fazer um filme e usar isso como a principal fonte de publicidade da obra.
Agora, um ano depois, preciso assumir que o filme merecia a estatueta de melhor filme. Não por ser um filme maravilhoso ou algo do tipo, mas justamente por ele expor um problema e uma contradição dos nossos tempos. Vamos aos poucos.
A fábula do filme é simples: americanos ambiciosos querem uma pedra localizada embaixo de uma árvore onde mora uma tribo estranha de seres azuis. Para isso tentam negociar dando-os estradas, aulas de inglês e outras coisas. Como não entram em acordo se resolve invadir e matar todo mundo. No entanto, pesquisadores descobrem que é possível através de uma máquina colocar um homem no corpo de um ser deles. Esse ser deve investigar tudo para que a invasão seja perfeita. Óbvio que esse homem é um aleijado, sofredor, que perdeu seu irmão gêmeo e será o herói do filme.
Agora vamos pensar: esse tipo de história é gasta no cinema americano. A estética perfeita, cara e inovadora não dá conta de criar um novo tipo de história. O conteúdo não se adequa a forma e a sensação que fica é que o filme cansa quando a novidade visual também cansa. Essa estética de tudo digital lembra a estética dos vídeos-games que parecem também não saber que histórias contar e por isso se voltam pra histórias antigas, de heróis, de tribos, de guerreiros.
O fato é: o mundo contemporâneo não nos dá boas histórias. Ele é vazio, sem tema, sem foco, sem ritmo, sem vida. Estamos com uma capacidade de dizer porque estamos incapazes de viajar. Isso se dá por tudo é nossa casa, estamos em qualquer lugar à vontade, como comidas que conhecemos, pessoas e estilos de vida. A ausência de histórias faz-nos voltar para trás para busca-las.
Em Avatar isso se torna patético. Gastar milhões e milhões para mostrar um americano que aprende a outra cultura, se encanta, os defende e por fim vira um líder deles. Seria “O último samurai”? Karatê Kid?
A última coisa pra se observar é o fracasso de nossa sociedade. Construímos um mundo perfeito em nossos sonhos e fomos incapazes de os contruí-lo na realidade. Veja o filme e todos aqueles lugares perfeito e dê uma olhada de sua janela. O que se verá é sujeira, poeira, tristeza.
Avatar me disse isso, apesar de não dizer muita coisa.
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2 comentários:
Não acha que esse filme, na verdade, parece um "Pocahontas espacial"?
Acho!
Mas como eu falei no texto, o conteúdo é fraquíssimo, a forma que é interessantíssima. Achei que ele devia ter ganhado como melhor filme por ser muito melhor que "Guerra ao Terror".
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