A vida é uma caixinha de surpresas, dizem.
e eu beijo na pele a tragédia disso: a vida é uma caixa, uma baixa, uma prisão.
as surpresas não surpreendem porque não saem da caixa, caixinha de vida baixa.
sobra-nos a repetição:
a vida
é uma
caixinha de
surpresas.
torcendo pra que o óbvio ainda surpreenda
e que o inesperado aconteça
sabendo que, antes que amanheça,
é preciso dormir,
é preciso acordar,
e saber dormir e acordar.
saber repartir entre a vida e o sonho
os nossos desejos tristonhos
e nossos desenhos medonhos e enfadonhos
que sonhamos antigamente quando ainda éramos crianças.
a lembrança do teu beijo
me inspira às minhas maiores paixões:
nada.
me inspira ao resto de mim
à sobra de mim
dejeto de mim
escombro de mim
auschwitz de mim
é,
a vida é uma caixinha de só presas.
tenho pressa.
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