Eu não entendo muito das coisas. Não
sei quase nada do mundo, a não ser aquilo que aprendi contemplando,
e não compreendo muito as regas do jogo da vida. Não tenho
experiência das coisas, não sei o que é morar em vários lugares,
não sei o que tem do outro lado da fronteira, não sei o que fazer
quando, perdido, fico sem muitas opções e não sei como me portar
afetivamente sem parecer idiota. E cada vez que penso nessas coisas,
respondo pra mim mesmo: não sei.
É aí que eu percebo que você sabe. E
não só sabe que faz de tudo isso corpo, matéria, que emana de
dentro de si pra fora, como se a superfície fosse o que de mais
profundo houvesse, como se a margem de um rio tivesse uns 20, 30
metros de profundidade e conforme se nada, fosse diminuindo, até que
no meio, há 3 kms de distância, percebêssemos que a água está no
joelho e já se pode descansar. O pior de tudo é que eu escrevo
sobre algo que você já sabe e que eu não precisava dizer, mas digo
como para aprender a ser um bocado você.
É que acho que pra você as coisas não
tem fronteira, não tem margem, não tem traços, não tem contornos.
É tudo mesmo misturado nessa massa informe, disforme e caótica que
é o mundo e, portanto, viajar, comprar um brioche, ajudar um
cachorro e encher a cara são pequenas partes de um todo que lhe
compõe. Não existe mesmo em você, ou existe no nível mínimo, a
separação entre homem e natureza: você em contato com o mundo é
uma dessas forças de trajeto nômade e de composição quase etérea.
Assim, há um fascínio do
indescritível, do inefável, do não verbalizado, de outra dimensão
em tudo que faz parte de si. E isso me encanta. Por isso que de um
jeito meio tosco escrevo essas palavras frouxas que nem sei pra onde
estão indo. Talvez sejam sem forma, talvez sejam uma celebração. É
que talvez, no seu aniversário, também seja um pouco o dia dos bons
pensamentos, dos sorrisos e daquilo que com toda força podemos
chamar de natureza.
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