Algumas coisas na vida acontecem e são tão inesperadas que às vezes fica a impressão de que o mundo faz sentido. Não nos enganemos: não faz. Hamlet dizia que "há mais coisas entre o céu e a terra do que julga a filosofia." Alguns leem isso como uma ode à metafísica, mas não é. Na verdade, é uma ode ao desconhecido, ao não navegado. Uma ode às possibilidades infinitas que a vida nos proporciona.
E o engano está em: Não é uma ode à vida. Essa alegria coletiva de que a vida é o máximo carpe diem, uhul, aproveitemos todos, é uma bobagem tão grande que só engana mesmo a quem quer ser enganado. Muitos querem.
Quando resolvo escrever uma peça chamada Shuffle sobre um Ipod e a relação com um cara, acho que é isso que quero dizer, embora ainda não tenha descoberto o que, exatamente. Existe algo na gente que é inexplorado, uma imensa América não descoberta por ninguém e que, como uma caverna escura, nos assusta e nos faz ficar repetindo eternamente o óbvio.
Aos poucos vou tentando entender aquilo que nem eu mesmo sei e aos poucos vou dizendo aquilo que não tenho a melhor ideia do que é. Se fosse pra saber, eu saberia.
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