De pileque, trôpego pelas escadas numa dissimulação imperfeita ajudada pela escuridão da noite, ele chega em casa. Troca algumas palavras com quem ainda não dorme, ou com quem nunca dorme, ou com quem sempre espera. Tira o tênis sujo, para as meias precisa de apoio da estante e em segundos tira a calça e a blusa e fica de cueca, escolhendo qualquer bermuda e qualquer camisa, principalmente aquelas que não escolheria para vesti-lo naquela noite de sono. Senta-se a cama, olha para frente, num ponto da janela com alguns adesivos e respira. Depois suspira. Depois de um silêncio, volta a respirar com a força de um suspiro. Tenta pensar e não pensa, apenas aguarda que todos se deitem, o que demora apenas alguns minutos. Levanta-se, dirige-se ao banheiro e se percebe no espelho com a pupila dilatada a escovar os dentes sem respiração e com sono. Volta-se ao quarto, se senta na cama e olha novamente o adesivo e respira. Depois suspira. Depois de um silêncio, volta a respirar com a força de um suspiro. Deita-se, mas ainda muito demoraria a dormir.
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