Vai-se chegando a uma certa hora da noite e cada vez mais há menos o que se fazer, há menos lugares para se esconder e há menos máscaras. Vai-se chegando a uma certa hora da noite, alta madrugada, que se começa a encontrar uma coisa bem sutil, uma das mais bonitas que existem, que é uma complacência com a vida, com o mundo, com as pessoas, é uma hora em que se perdoa tudo, as fraquezas, tristezas e principalmente os gestos mal feitos. Há pouco tempo, cheguei até a janela e me sentei por ali, olhando para as outras janelas, pouco vi, olhei para o céu, pela fresta dele que me sobra e contei estrelas, eram umas três, depois com mais atenção vi mais duas, essa situação solitária de ver o céu foi efêmera e bonita, mas passou e me senti obrigado a sair de lá e fechar a janela, fechei mas não aguentei o silêncio, tossi uma vez e voltei para cá. Vai-se chegando a uma certa hora da noite e nela eu descanso, encontro um cadinho de paz, que passa rápido, mas que sem esses minutos não valeria muito a pena estar por aqui.
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