Se pela imensa cortina que é a noite não passa o tempo e não passam os conflitos que duram pouco mais que alguns momentos, talvez seja por medo, ou por feroz intento, que vira agora meu pedido um lamento e minhas palavras, sentimentos. Nessa noite que transborda mais que devia, que enerva mais que alivia, que maltrata mais que propicia, que se dão os melhores segundos daquilo que diria ser meu, que diria ser parte dessa fábula, dessa imensa parábola chamada vida.
- Ela já deve estar chegando, vai logo comprar o pão.
- Mas se ela já está chegando, como vou comprar o pão?
- Corre, que você ainda chega antes dela.
- Ela vai estar cansada, de viagem, nem deve querer comer, e além do mais, seria muito chato encontra-la no elevador. Ela nem deve me reconhecer mais.
- Como não? É sua sobrinha, é mais fácil você não lembrar dela.
- Vai que ela não gosta de pão?
Quem não gosta de pão, não merece ficar na minha casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário