22 dezembro 2008

bentinho

Não posso dizer que estive feliz por toda minha adolescência, naquela época ainda não havia pensado que havia felicidade e infelicidade, apenas deixava-me sentir o que as coisas tinham a me fazer sentir, principalmente quando se tratava de capitu. Quando ela chorava, quem chorava mais era eu quase sem chorar. Quando ela ficava doente, eu adoecia pior do que quando era comigo. No entanto, para mim aquele era o pior momento, ela chorava e adoecia do coração por minha causa, pois por mais que minha promessa de retornar fosse sincera e verdadeira já que mamãe não me deixaria ir para sempre, eu não poderia ajuda-la, muito menos estar perto para acompanhar sua dor. Então eu entrei no carro e fui, da janela via nos olhos de ressaca dela uma lágrima a escorrer. O olhar era fixo o mesmo de sempre, mas as sobrancelhas franziam-se mostrando a dor que a lágrima provava.
Era em capitu que eu mantinha minhas vontades, meus desejos e meus sorrisos. Para mim, longe dela tudo e qualquer coisa eram iguais e embora pudesse não haver sofrimento, jamais poderia haver sentido, tempero, jamais haveria para mim aquilo que digo que é a vida. A vida que eu tinha.

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