13 maio 2009

sobre a música

Uma das maiores falácias de hoje em dia é essa idéia de que música é universal. No cu que é. Junto a isso também vem aqueles que dizem que música é questão de gosto, porque não é. Música é coisa de ouvido acostumado, de ouvido social, ouvido cultural, ouvido familiar, questão de múltiplos ouvidos, e não adianta tentar se fingir de dumbo, de que tem um ouvido para tudo, porque na hora que entrar em casa, sozinho, vai botar aquele som que o ouvido está acostumado.
Essa coisa de dizer que a música é universal é uma forma dos grandes nomes transformarem numa coisa natural que a britney spears seja melhor que a gretchen, ou que a o rock inglês pode ser tão bom quanto o rock feito do lado de casa. O próximo passo é gastar mais dinheiro produzindo a imagem, o produto, a atitude e talvez um pouco também o som da banda e transforma-la num espetáculo. É a glamourização do exótico, só que de uma maneira muito rentável absorvida por todos e usada no cotidiano. É o espetáculo do videoclip. E essa regra só funciona para lá, porque quando é feita no terceiro mundo é vendida como especiaria, estranha e serve para debates e putaria, não para muito mais.
É muito simples, nenhum de nós consegue ouvir um indiano tocando música indiana por mais de dez minutos na televisão. Só o fazemos, se muito, se formos a um concerto de um deles que tenha vindo para cá, e geralmente eles vêm porque de alguma forma já misturam elementos de nossa cultura na música dele.
O problema não é ouvirem música americana ou inglesa, não estou nem aí, o problema é esse discurso pseudo-liberal que serve para, na verdade, continuar fazendo uma coisa só e não democratizando os meios de comunicação como deveria. A própria internet que deveria ser pra democratizar mantém essa forma de separação, de cisão, de corte à faca, pois só a utilizamos para fazer mais do mesmo, mas isso é um outro tema.

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