18 março 2009

gosto

"à primeira vista, pode parecer que tomar o gosto como algo indisctuível - que cada um fique com o seu - seja sintoma de grande tolerância em relação à diferença. Mas creio que é justamente o contrário o que interessa. Somente quando queremos discutir nossos argumentos é que pomos à prova nossa capacidade de lidar com a diferença. O importante é o fazer-se e o mostrar-se da discussão."
Luiz Camillo Osório


Há hoje em dia uma aceitação geral do que quer que seja como sendo algo necessário, ou explicável por necessidades e dificuldades que qualquer um vive. Não digo dos casos mais graves, dos criminais, digo assim, na vida prática, cotidiana. Muitas vezes já me deparei com pessoas que sabem que outras erraram feio, mas mesmo assim crêem que elas tinham seus motivos para fazer o que fizeram. Para mim, isso não passa de tolerância de quem tem teto de vidro, e digo sabendo que todos o temos, óbvio.
No entanto, essa frase do Camillo, meu professor, me fez perceber exatamente o que acontece: há uma concordância geral que não permite brechas ou discussões. Se um amigo seu é inteligente e universitário está certo, não adianta discutir gosto, não adianta, basta você pensar o seu gosto com você mesmo para aceitar aquilo e ele que faça o mesmo com as coisas que você gosta. "Se o integrante do los hermanos lançou uma banda nova é óbvio que a banda é boa, se você ouvir, vai adorar e vai virar fã, igual era de los hermanos.", e isso já é introjetado de certa maneira que se você não ouvir é um belo de um traidor.
E assim vai, tantos são os exemplos. Para mim, o importante é discussão do que nos interesse no que nos interessa e do que não nos interessa no que não nos interessa, para assim, poder discutir o que pode nos interessar no gosto dos outros e vice-versa, assim, podendo abrir a conversa para ampliação da capacidade de reflexão entre o que é bom e o que é só gosto.

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