16 agosto 2009
pílulas
Tomou uma pílula e sentou no sofá. Era vitamina pra suprir o fato de não comer vegetais. Sentou pra suprir o fato de que as costas doíam e porque já ficara deitado o dia inteiro. A impressão que passava pra quem (não) lhe via, era de que assim estivera por muito tempo em sua vida, parecia um gesto já ensaiado e repetido por diversas vezes. Aliás, a impressão que se tem é que as coisas estão sendo sempre repetidas, recontadas, requentadas. “Vou ali e já volto” é um clichê pra ir embora e não querer demorar. Ninguém leva uma hora pra ir em nenhum lugar, leva sempre meia horinha, quize minutinhos. É uma sucessão de eufemismos que não amenizam nada, só tornam óbvio o que poderia ser normal. Por isso que stomar uma pílula e sentar no sofá é só a reprodução da mesma atividade de sempre e por isso que ele fazia tal atividade com tanto cansaço e com um olhar tão perdido: por mais que se esforçasse na vida, nunca faria nada de diferente, até acreditar nisso era óbvio. E não era triste, era só normal fazer o que se está fazendo sempre. Assim como alguém já fez.
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