30 agosto 2009
reflexões
Tenho a sensação de que apodreço. Que cada dia que passa sou uma versão mais gasta de mim. Falo fisicamente, caminho pra degeneração inevitável, homeopática e fulminante. Escrever se torna então em última instância a vã tentativa de capturar uns instante em que algo de outra ordem, que não a material, se instala nesse corpo que apodrece e, assim, ler depois o que escrevi é perceber o momento anterior ao de agora em dois níveis: a lembrança da sensação física e a profundidade do pensamento. O fervilhar de idéias é tão grande que em dois minutos posso escrever triste e feliz, falar da dor de um sofrimento e de um entusiasmo. A questão é saber o que eu vou querer ler depois de mim e essa pergunta nem sempre pode ser respondida, porque o que quero ler de mim, geralmente é o que deveria ter escapado, mas se eternizou. Assim a matéria viva de mim revela um ponto que ainda é obscuro, que ainda não decifrei, entretanto, no geral, o que sinto é sempre um enorme prazer de perceber que a vida é boa demais, é engraçada, é estranha e sofrida, mas inevitavelmente contagiante. Apodrecer é bom.
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