Não tenho vontade, não tenho. Não me apetece falar de amor, nem da aurora, me aborrece. A gente se esquece mais rápido do que consegue gostar. Que cesse. Que essa pulsão de agora consiga transparecer num texto dialético, que eu consiga passar esse paradoxo. Talvez haja um amor que se sente e é dele que se quererá dizer, mas dele será a última coisa que se irá dizer, porque nele há uma ilegalidade, um desperdício, uma sobra, um excedente desnecessário.
Vou tentar de novo: As coisas são como são e têm a medida exata do seu tamanho, então é preciso se pensar a partir disso, mas uma coisa que permanece é aquilo que a gente consegue fixar num significado. Tudo que entra no passado automaticamente se torna incerta hipótese daquilo que não é, ganha um tom de dúvida, inexatidão, como uma folha de papel que se dobra errado e não se pode consertar. Mesmo que não se faça nada com a folha, mesmo que vá se fazer tudo, há nela algo de incerto. Existem vozes que dizem e redizem, existem palavras que dizem por nós sem nós. E não existe nós, existe um eu e um você em palavras. Só. E é bom.
juro que acaba aqui, de verdade.
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