“A liberdade sexual se transformou em marketing comportamental”, disse Luiz Felipe Pondé agora pouco no Roda Viva. Ele ficou muito conhecido quando na eleição do Papa Bento XVI pareceu ter ficado satisfeito com a escolha. Na verdade, ele acaba de dizer que Bento havia feito na década de 80 uma crítica à Teologia da Libertação que cairia ou no marxismo, abandonando a ideia de Deus, ou na auto-ajuda barata e, nesse sentido, apoiava a opinião do Papa. Bom, assim sendo, eu também apoio.
Mas o que ficou na minha cabeça foi a frase sobre a liberdade sexual. Segundo ele, a conquista da década de 60, resultou em liberdade e insatisfação. A necessidade de alta performance social, política, atlética, intelectual do ser humano atual culmina em uma tentativa absurda de se mostrar absolutamente livre em relação ao sexo, e se configura no enclausuramento do desejo e na obrigatoriedade de coitos excessivos com performances pernósticas, históricas de um gozo infinito.
Essa prisão que é a obrigação da performance e mais, do marketing que se faz da performance que deve se evidenciar em vestígios corpóreos, torna o ser humano em um ser sexualmente biônico, uma vez que os defeitos perdoados na vida cotidiana são imperdoáveis na atividade sexual, correndo o risco de se ser conhecido como careta, antiquado e conservador.
É preciso olhar melhor para a questão do marketing. O sexo é uma questão pública. É preciso que se veja, no corpo e nas palavras, que aquele ser é o mais perfeito para a atividade sexual e, qualquer outro tipo pode ser esmagado por esse corpo gigante e sexualizado.
Pondé diz que, para o sexo, o pecado faz melhor que a liberdade e que, justamente por isso, a Idade Média era a época em que mais se praticava sexo. Percebo a comparação que ele faz: é como se atualmente o ser humano fizesse uma auto-masturbação a dois, onde se chega ao nível máximo, da velocidade cinco, como se o outro fosse substituído por uma máquina que não lhe permite escapar.
O sexo, aquele tântrico do dia inteiro que começava no primeiro olhar, no primeiro toque e nos beijso infinitos, aquele do kama sutra que buscava o prazer em tudo que contém o corpo do outro, parece ter morrido. É preciso fazer sexo como se consome, até o dia em que vamos finalmente nos tornar oswaldianos e vamos comer a nós próprios.
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