18 junho 2006

varal


Pendura-se tudo:
A calça, a blusa, a toalha molhada.
O tapete, o lençol, o cobertor
Até a cueca que tanto se esconde na roupa

Aceita tudo:
A blusa gasta da vó, a saia rendada da mãe
O terno preto do pai, e calça curta do irmão
Menos roupa suja que nunca vi por lá

Se for colorido de verde, azul, amarelo
Mesmo sem dourado, mais rico fica o varal?


Sem preconceito, o varal está lá
Obra de arte da dona de casa
Tão obra, e tão arte, que se renova
Enquanto o menino suja e a moça lava

Sendo varal pra secar,
quando chove e tudo molha
ele deixa de ser varal?

Vejo-o todos os dias quando vou ao quintal
E lá está, tão diferente, tão igual
Tão belo, tão morto, tão desigual

Não sei
Talvez nem seja verdade, mas prefiro achar assim:
Que um varal só existe pra brilhar os olhos pra mim


Luiz Antonio Ribeiro
18/06/06

Um comentário:

Anônimo disse...

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