Curso: Teoria do Teatro
Matéria: Psicologia – PSI
Aluno: Luiz Antonio Ribeiro
Acredito que a escolha dessa profissão é motivada ou impulsionada por um desejo de sucesso exterior, ou por uma necessidade de arranjo interior. Em ambos os casos a solução está no sucesso estético, ou seja, existe algum tipo de desarranjo ou desarmonia na forma de viver, e a gente resolve isso através da forma, da expressão, da estética. É a idéia platônica de atingir o belo, e uma vez imerso nesse mundo a conclusão pode ser variada, chegando-se até ao polo oposto do que se propõe.
O meu caso é parecido: sou o filho único da irmã mais velha que ficou 13 anos casada sem engravidar e no parto perdeu o útero. Sempre fui o menor, o mais baixo, talvez o mais fraco, pois nunca ousei brigar. Tive uma carreira infantil no futebol interrompida por desgaste de tendão e musculatura (o mais baixo tem de fazer um esforço excessivo). O que me achou então? A arte.
Para mim, foi o natural caminho de entrar para o coral, para a gincana da rádio na escola, para o grupo de teatro. Depois foram as aulas de teclado e violão, o programa de entrevista feito com os amigos da escola. A resposta dos outros era sempre a mesma: “Você tem muito talento, devia seguir carreira.” E com a bola levantada pelos outros e o arranjo interior acertado, eu podia e tinha a liberdade de tentar outras coisas como escrever, dançar, etc.
Como problema, a primeira coisa que encontrei foi a instabilidade, pois na arte o material sou eu mesmo, logo não adiantava tentar escrever sobre amor, sem viver amor, ou saber sobre o amor.
Ou então, interpretar uma personagem que eu não conheço tão bem, ou que, seja o oposto de mim. Nesse momento, me veio duas necessidades, a de aprofundamento técnico da área e da aquisição de experiência de vida.
Daí, resolvi por fazer um curso teórico enquanto eu não passava para teatro. Caí então, meio que por sorte no curso de letras que fiz por três anos. Eis um outro problema: letras é mais profissão que teatro e ao passar para teatro houve a crise familiar e interna pessoal.
No entanto, a escolha estava feita, a vontade e a satisfação se sobrepõem ao resto, assim, aqui estou.
Luiz Antonio Ribeiro
15/11/06
4 comentários:
Existe um filme chamado rounders, e na cena mais bela deste filme, a personagem Mike McDermott interpretada por Matt Damom conversa com o professor Petrovsky, interpretado por Martin Landau. O professor está contando para ele sobre como abandonou tudo para se tornar juiz, enfrentando toda sua familia, e recebendo o desprezo dos seus pais. Então Mike pergunta:
If you had it to do all over again, knowing what would happen, would you make the same choice?
o juiz responde:
What choice? Não podemos fugir de quem somos, nosso destino que nos escolhe.
"Geralmente escrevo a primeira frase para a segunda frase." vi este comentario em outro blog.
Genial.
Muito bom nesse caso ler o "Retrato do artista quando jovem" do Joyce.
vc fez com que eu me arrepiasse. Na medida em que li o seu texto, ia aumentando o frio na barriga.
Clap clap! (permita-me utilizar esta onomatopeia para expressar minha admiração)
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