O que eu quero escrever eu ainda não sei, por isso achei por bem me criar em um personagem, um assim tipo eu, mas que, também como eu, tem todas as possibilidades de ser qualquer coisa que queira, inclusive o oposto de mim. O que eu quero falar tem a ver com amor e com amizade, ou alguma coisa que flutue entre essas duas coisas, ou então pretendo falar sobre esses sentimentos como coisas ultimamente forjadas para preencher lacunas em nossas vidas. Não, não é isso que eu pretendia dizer, é mais sutil, tem mais a ver com meu olhar para o desespero das pessoas em sustentar estruturas, relacionamentos e sentimentos que por muito já vão ruindo, mas que parecem ser a única alternativa, principalmente em vidas que eu vejo que possuem mais alternativas. Por que raios essa dificuldade da gente em se livrar das coisas, de mudar, de chegar um móvel mais para cá e abrir espaço para um novo? “não pode, não pode”, o que pode, quem pode, se é que pode? Os tempos passam e os espaços também, e porque insistimos em pensar num sentimento, que ao ser projetado no passado vira poesia, e sai doe espaço e desse tempo, e assim, torna-se tão mais perfeito? É evidente que as férias passadas são melhores, ou que com aquele amigo a gente era mais feliz, isso é sair do gráfico.
É muito fácil responder a pergunta de “quem sou eu” dizendo seu próprio nome, ou apontando coisas como características e medos, ou fatos, descrever-se é apontar fatos, mas fatos são passados, assim como fotos. Entendo eu que pensar em quem se é, é pensar primeiro de tudo em um ser que é solitário, não sofrido ou sem amigos, longe disso, mas como alguém que nasceu sozinho, e vai morrer sozinho, alguém que vai passar essa existência sozinho, apesar de que algumas e muitas pessoas passarão pelo caminho. E depois de ser sozinho, pensar no que sempre fez parte de você, não pessoas, mas fatos ou impressões. Eu diria, por exemplo, que lembro de uma vez muito pequeno, na casa de minha madrinha ter descido correndo uma rampinha e ver umas quatro ou cinco pessoas a me olhar e me aparar para q eu não caísse, isso é algo que sempre esteve comigo, e deve portanto, fazer parte de mim, ou do que sou.
O que estou tentando dizer acho que é que as pessoas geram dependência na gente. Acomodamo-nos com certas presenças, com certas atitudes e com certas tendências a fazer o mais do mesmo, e nesse caso, não adianta repetir até ficar diferente, repetir é ver a variação do que já deu o que tinha que dar, mas como enfim superar essa premissa de solidão vivendo em grupo e tendo amigos e pessoas que tanto nos amam? Pessoas não nos amam, acostumaram-se tanto a gente que não conseguem viver sem, e ai de nós se nos afastarmos, é capaz delas fazerem pirraça,porém daqui a pouco se acostumam. A grande questão da vida é respeitar essas grandes questões da vida, é saber que as pessoas contribuem com a gente na medida em que elas aderem coisas ao que somos, não fincando na gente e grudando, pedindo sempre que a gente esteja “sendo elas”, ou “vivendo elas”, ou “amando elas”, quanto mais errado se dizer melhor, mais desesperadora fica a frase.
O que eu queria dizer, não está nessa conclusão, está no meio desse tempo ai, não sei onde, mas sei que de alguma forma disse alguma parte do que queria, a conclusão é só formalidade aristotélica textual.
Um comentário:
bonito texto,e muito lúcido.
mas toda conclusão é so uma formalidade aristotélica textual?
existe o medo do fim,e existe a humanidade e a fuga.e a nossa tentativa de ficar em pé no meio disso...
(uau,não acredito que alguém comentou no meu blog!hahahah)
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