Carnaval não é um evento, uma festividade, um feriado. Carnaval é um estado, um processo, um enigma e uma sigla. Não é para todos a mais popular das festas, é para quem dele entende, e é difícil esse entendimento. É feito não de canções, mas de insinuações de canções, de ritmos quebrados, baladas torcidas e letras tristes. Carnaval é a principal hora de se lembrar que é triste; lembrar, mas jamais morrer, só de for de amor num dos passeios ou blocos da vida. É a hora de comemorar a tristeza e celebra-la, transforma-la num elemento importante da vida, de convívio, mas é também a hora de torna-la natural e fazer que a partir dela o resto do mundo venha. E com o resto do mundo o melhor dos sentimentos: a alegria.
É hora de olhar pro lado e procurar o arlequim que chora pelo amor da colombina no meio da multidão. É hora de ser arlequim e o pierrot, esbaldar-se sem a colombina e depois de tudo lembrar-se que tudo é feito em nome dela, mas fazer. Alguns perdem a memória, outros os sentidos, outros a vergonha e todos a dureza, a carranca, ganhando malícia e lembrando dos pais e avós, das histórias dos carnavais deles, tentando sempre honrar a família e ter carnavais como os deles, se esbaldando por aí. Carnaval é a hora de se apaixonar pela vida, talvez a única hora que vale a pena, talvez a última chance, depois é esquecer do carnaval, cuidar da ressaca e da gente e lembrar que o mundo não é feito de azul. Carnaval, hora de dormir de um jeito diferente.
Um comentário:
Carnaval é tempo de tudo, nós é que não temos o tempo pra viver tudo em algumas noites... só vivemos as tristezas! ;*
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