14 junho 2009

ronaldo

Sentiu na superfície da pele a dúvida: não escrevia porque intensamente vivia em linguagem o que poderia escrever ou porque havia um silêncio entre o que não se pensava e o que se poderia escrever? De verdade mesmo, sentia frio e dor na ponta dos dedos sempre que digitava por mais de cinco minutos, também era verdade que estava fazendo muitas coisas e separando tempo demais para a preguiça, mas agora na frente do piscar da tela que se insinuava já apareciam novamente milhões e milhões de personagens, alguns bem completos, com corpos frases e tudo e outros ainda superficiais, como animais, com apenas algumas poucas sensações. Percebeu, entretanto, que para que eles se fizesse havia também de haver um outro ele, pois esse que jazia agora era ainda muito primeiro, muito esgotado, muito cansado, muito comum e muito óbvio, era muito acumulado, assim como falava muito muito. Por fim, depois de pensar e pensar não conseguiu decidir o que gostaria de dizer, escreveu algo ruim e torceu para que ninguém lesse. Dizia porque era dia...

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