17 novembro 2009

apagão

O som do ar, o som do céu, o som do carro, o som de um barco à 20 km daqui. Alguém já havia dito que ninguém escuta o barulho do mundo porque é incapaz de fazer silêncio, então as pessoas começaram a ir pra janela querendo saber o que havia acontecido. Sem a visão elas ficavam mais soltas e falavam com os vizinhos que não falavam, e até tentavam reconhece-los pela voz. O fim do som do ventilador trazia agora o tato molhado de suor que se misturava ao silêncio, quase que punitivo. Um silêncio de purgatório. Depois as conversam começaram a rarear, apesar de um grupo de jovens rindo e cantando em algum canto do prédio funcionarem de trilha sonora de tudo. Até que foram todos se deitando na cama e se acostumando com aquela paz. Os fogos queimavam nos apartamentos, lanternas, geradores, celulares, velas... Todos quase vendo o que o silêncio já dizia pelas sombras. Até que... Tudo bem.

Nenhum comentário: