03 maio 2010

prolegômeno

Rio de Janeiro, 3 de maio de 2010.
Pode parecer uma carta ou um diário, mas não é. Se fosse chamar de algum nome esse texto seria "ode", não uma ode pra engrandecer, apenas uma pra destacar, dizer que fez parte de mim isso em algum momento.
A cidade do Rio está iluminada, os letreiros coloridos de propagandas estão refletidos no negro do poluído mar de botafogo. Eu passo de ônibus e contemplo isso, contemplo a vista para niterói, o pão de açúcar e um pedaço da lua. Olho a temperatura como se fosse fazer alguma diferença. Não faz. É uma cidade que sempre me encantou e ainda continua encantando, é o lugar onde mais estou exposto a mim mesmo, a uma solidão estética que não consigo descrever. As luzes dos prédios, excesso de luzes - crença dos engenheiros e arquitetos da década de 50 em 60 no concreto e na luz elétrica - não permitem nem uma pequena fuga desse fogo urbano. Salto do ônibus, cruzo por grupo de amigos vestidos pruma partida de futebol, entro num supermercado, a voz que a muito não sai da minha boca quase se embarga na hora de um boa noite ou obrigado.
Começo a pensar nesse texto, ele me aparece já pronto, colorido e pede um nome, que em minha cabeça aparece como "introdução", "prolegômeno", "prefácio" ou "prólogo". Palavras que bem ou mal significam "aquilo que é dito antes". Não entendo muito bem, mas sento aqui e escrevo. O que é pra ser escrito depois?

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