Ele está lá, não se pode dizer que não. E é acompanhado no fundo por uma canção, mas será que pode ser ouvido? Diomedes está no meio de tudo, todas as coisas do mundo em volta dele: bichos, placas, recados, comidas, cheiros, gostos, toques, calores, luzes. Cada objeto, por mais minúsculo e incapacitado que seja está presente ao lado dele quando ele diz “eu te amo”. Daí enfraquece, né? Ele é um detetive e precisa ser um homem forte, mas não. Precisa enfrentar a vida com um peito aberto, mas tem uma certa preguiça. Sempre preferiu o ócio, a vida mansa, a água-de-coco e o mar, mas nunca diria isso. NUNCA! Sua esposa é a de sempre...com outro. E ele liga para dizer que está vivo, e ela escuta e talvez retribua, se puder ouvir. Ele disse “eu te amo”, mas ficou pequeno pra cena. Seria preciso muito mais do mundo das palavras que aquilo. O jogo de preto e branco é cansativo para suas vistas e as palavras saem para significar mais prisão que outra coisa. Vai lá Diomedes, toma posse do que é seu através das palavras e talvez um alter-silêncio consiga tomar tudo de você muito mais rápido. Diomedes faz parte de um fragmento amoroso que nunca se conclui. Está imerso em tantas coisas, em tanto barulho, tantos detalhes, tanta complexidade que perde a voz, fala através de uma mudez. Diomedes é o elo mais fraco, talvez tenha consciência disso, talvez não. Diomedes vai continuar falando “eu te amo” no orelhão em meio a tantos infinitos detalhes de desenhos em nanquim para sua mulher.
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