04 setembro 2010

minha cabeça

Minha monografia sobre o Lourenço Mutarelli tem mexido muito com minha cabeça. Ele fala da infância dele como "medonha" e descreve seus pais e seus irmãos de uma maneira quase cortante, nada afetiva. Diz ele que quando criança sempre viu o mundo de forma negra, nunca conseguiu ser uma criança feliz que se misturava. Comecei a pensar em mim. Eu me misturava, conseguia com algum esforço, mas conseguia. Só que vejo que só o esforço que tinha pra isso já me cansava, lembro que tinha que me controlar, saber o máximo de coisas erradas possíveis, aprender cada vez mais a jogar bola e ser um tanto quanto cruel quando jogasse. Humilhar alguém sempre foi bom, mas eu não conseguia: tinha pena de dar um drible mais bonito, fazia o gol logo.
Não esqueço uma vez que chamei um menino de "Junior Baiano" e ele veio pra me bater. Me empurrou no chão, veio pra cima de mim e ficou me sacudindo. Não tive reação, tinha feito só uma brincadeira. O professor separou, claro, mas me senti muito ofendido. Alguma coisa ali mudou em mim. Foi quando percebi que as pessoas podiam machucar as outras, se quisessem. Tive uma sensação real de morte, de fraqueza, de impossibilidade. E isso vai se arrastando comigo até hoje.
É...minha monografia sobre Lourenço Mutarelli tem mexido muito com minha cabeça.

Nenhum comentário: