19 outubro 2012

a nova política



Cara ou coroa? Vivo ou morto? Oito ou oitenta? Céu ou inferno? O senso comum, a cultura da afirmação, os jogos, a religião, enfim, aquilo que compõe nosso imaginário fez e faz com que pensemos o mundo a partir dessa configuração binária, antitética. No entanto, não é possível que ainda hoje se consiga pensar tudo através desse prisma rudimentar entre afirmação e negação, mesmo porque, olhando a fundo, entre cara e o coroa há todo o voo da moeda e entre o vivo e morto há toda uma vida.
Em política, especificamente, a polarização faz parte do jogo do mesmo. Uma dialética vazia que tenta nos fazer crer que nosso papel está na escolha daquele que mais nos cabe ou na exclusão daquele que não nos agrada. Então, pensar política, pelo menos na cabeça daqueles que mandam, é nos dar a opção entre escolher qual deles que nós queremos por lá. Assim, tudo se mantém e nós nos mantemos como membros não-participantes da política do lugar em que vivemos.
O que afirmo aqui é: eu parto do pressuposto do não, da negação, de não querer, de subverter, de blasfemar, de debochar, de desapoiar, de ir de encontro a, de remar contra a maré, de pensar que entre os sins deles, o meu não vale mais que qualquer outra coisa e, justamente por isso, não existe nada de afirmativo nessa conjuntura e nada me fará pensar neles como solução.
Vejo que muitos pensam como eu. A verdade é que a política está mudando, o que não mudou, AINDA, foram os políticos. Não é possível que um filhote do poder seja criado, enquanto que um sanguessuga, como mosca numa carniça, esteja novamente a procura de seu quinhão.
Vamos à uma nova política, do debate, da participação, da rua, da ausência de dinheiro, da consciência, do sorriso e, também, por que não,  da brincadeira. A nova política é democrática não porque a democracia deve ser algo a perseguir, mas porque a verdadeira democracia existe numa prática menor, das pequenas escolhas e dos pequenos gestos gentis de um para com o outro. E que esse gesto se multiplique e que vivamos momentos de melhor sorte e melhor chance e melhor sonho.
Política é coisa pra gente grande sim, mas todos sabemos que pra um bom coração é preciso, pelo menos um pouco, parar de crescer.

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