“A formação
permanente tende a substituir a escola, e o controle contínuo
substitui o exame. Este é o meio mais garantido de entregar a escola
à empresa.”
Gilles Deleuze, em Conversações
Gilles Deleuze, em Conversações
Conectar pessoas.
Esta parece ser a máxima contemporânea das redes sociais, da
velocidade ultracurta, dos aparelhos eletrônicos e de toda a
tecnologia de informação de nossos tempos. Mas será?
Um passo atrás: a
invenção do avião – um meio de transporte que fura o vento para
encurtar espaços. Um passo atrás: a invenção do telefone – um
fio com dois círculos que falam e ouvem. Um passo atrás: a invenção
da imprensa – uma máquina de fazer papel com letras em larga
escala. Um passo atrás: a invenção de Deus. Um passo atrás: a
invenção da palavra.
Conectar pessoas. O
que significa isso? Abandono a pergunta.
** ** **
Deleuze, em suas
conversações, no capítulo que diz respeito a política, se debruça
sobre o pensamento de Foucault, principalmente no que se refere à
passagem da sociedade disciplinar – a sociedade dos espaços de
aprisionamento como hospitais, escolas, prisões - para a sociedade
de controle em que os confinamentos se tornam “modulações” e se
incorporam dos processos de subjetivação dos sujeitos.
Voltando ao mínimo:
a obra se chama Conversações. O capítulo se chama Política. A
pergunta: como o modelo do capital – não no que ele tem de
estrutura, mas na forma como ele se subjetiva, na medida em que o
dinheiro passa a ser não um espaço físico, um banco, mas uma
cifra, uma senha – promove espaços em crise, lapsos, vazios,
descontinuidades, velocidades, repetições sem diferimento? O que
ele impede?
** ** **
Sobre educação.
Deleuze, via Focault, parece propor um olhar para escola – na
passagem da sociedade disciplinar para a sociedade de controle –
não mais como o lugar de poder clássico: de cima para baixo, em uma
pirâmide de estruturas, mas no dissolvimento do poder em uma
continuidade. Chega a dizer: na sociedade disciplinar tudo está
sempre começando, na de controle nada termina. Ou seja, a educação
se torna um processo que, via capital, vai se estender para a todas
as instâncias da vida, com um valor como uma cifra, uma senha. Um
continuum vazio. O que isto impede?
** ** **
Quando penso em
cultura digital e ensino penso que uma nova forma de estar no mundo, no caso via tecnologia digitais, requer uma outra pedagogia, ou seja, uma outra maneira de formação e adaptação de seres ao mundo. Como podemos pensar em uma pedagogia digital? O que o mundo digital nos oferece que pode ser o cerne desta pedagogia?
Conectar pessoas? O aprendizado, no fim das contas, não seria um desdobramento de possíveis conexões? E sendo os espaços de cultura digital lugares de interação, não seria a tarefa de “conectar pessoas” a grande tarefa da educação digital? Penso em: diminuir hierarquias, possibilitar uma ausência de memória – como pensa Donna Haraway em Antropologia do Ciborgue – das estruturas opressivas da sociedade, possibilidade de criação de zonas de contato e, portanto, zonas de afeto.
Conectar pessoas? O aprendizado, no fim das contas, não seria um desdobramento de possíveis conexões? E sendo os espaços de cultura digital lugares de interação, não seria a tarefa de “conectar pessoas” a grande tarefa da educação digital? Penso em: diminuir hierarquias, possibilitar uma ausência de memória – como pensa Donna Haraway em Antropologia do Ciborgue – das estruturas opressivas da sociedade, possibilidade de criação de zonas de contato e, portanto, zonas de afeto.
Conectar pessoas:
não seria a educação, na cultura digital, o lugar de procurar
uma outra pedagogia, ainda não explorada, mas que se baseie naquilo que os novos tempos ainda pode nos oferecer? Não seria um caminho de...novos afetos?
Ver: https://www.youtube.com/watch?v=3gSSNHO1dDs
Nenhum comentário:
Postar um comentário