palavra aleatória por: Marina Monsanto
ziul diz:
fala uma palavra
qualquer uma
Marina. diz:
nosódio
ziul diz:
porque escolheste tal palavra?
Marina. diz:
porque estou com o nosódio da dengue 30 DH na minha frente, tomo ele todo dia de manhã
e ele é a minha única esperança contra dengue
***
Sem demora porque tinha todo o tempo do mundo, cruzou o umbral da porta e foi para a rua, ia como flecha ou bala, apesar de não correr; era talvez um olhar fixo num ponto futuro inexistente que lhe carregava para a frente; era um impulso ou uma vontade, era uma humanidade, e todos nós o perdoamos por isso.
E ele cruzava as praças como quem fura uma célula ainda jovem e vê todo o seu líquido fugir pela membrana rompida, mas ele não era o que fugia, era o sólido, o que havia tomado o espaço e seguia em frente. Passava também por igrejas e não as via, não sei porque disse igreja, acho que porque seja um símbolo importante de uma fé e ele não as ver demonstrava uma não fé importante, ou uma fé noutra coisa, noutro mundo, portanto a igreja que lhe passava não lhe poderia resolver nada. Igreja era conciliação e nele tudo era contraste, tensionamento.
Chega até um prédio, lê na placa: “condomínio Varsóvia”, ri do nome e entra. Lá em cima no apartamento 403, estava ela a sua espera.
Resolva-me, disse um deles.
Estou-nos resolvendo, respondeu o outro.
Entre dores e sorrisos eles se apertaram por horas e as dores no peito eram os risos do corpo e as dores do corpo eram os risos do peito. Eles se riam de si, aprenderam isso depois de anos na luta de serem felizes apenas consigo mesmo. E por fim, como remédio um do outro adormeceram abraçados, mas como um câncer ambos sonharam juntos e separados que não acordariam no dia seguinte.
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