18 dezembro 2009

os mosquitos

Eu tenho um pouco de inveja dos mosquitos. Eles me parecem sempre tão independentes, fortes, inteligentes, perspicazes. A impressão que tenho é que eles ficam a espreita e esperam a melhor hora para entrar em nosso quarto, depois ficam circulando por ele, até que se mostram para gente, meio zombeteiros. Pouco depois, começam o ataque que consiste em rodear, rodear, e fugir de nossos golpes, até que numa distração, eles pousam na gente e sugam nosso sangue. Sem dó, rápido, perfeito. A gente não percebe e em poucos segundos começa a inchar. Eles, vencedores, dão mais algumas voltas e pousam na parede, felizes e satisfeitos. E zombeteiros de novo não ligam de morrer, ficam ali curtindo a vitória e por fim, quando a gente consegue mata-los eles sujam nossas paredes e chinelos com nosso próprio sangue. A missão deles, no fundo, talvez seja nos ensinar humildade, mostrar que como um ser pequeno nos vence e materialmente, expondo-nos o nosso sangue faz com que a gente se defronte com nossa morte.

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