(Está deitado no sofá da sala. Imagens se alternam mostrando o ambiente: uma mesa de centro, alguns outros sofás, jornais, flores num jarro, uma pilha de cds, dvds e livros, fotos e por fim o sofá e ele. A câmera começa a se aproximar dele, que vira de lado, ficando sem encarar a câmera. Fala para alguém.)
Oi. To aqui de novo, meu estômago ainda dói, minha carteira de motorista venceu e acho que nada vai mudar, não vou ter aquele medo de novo, você não vai querer mais uma vez. Às vezes eu penso em você, às vezes não. O cachorro mordeu a minha prima, ela chorou mas já está bem. Como se fala das coisas hoje em dia? O flamengo venceu, sabia? Diz alguma coisa mesmo sem dizer nada. Existe alguém que não gosta de ninguém ou sempre tem alguém gostando de alguém que não gosta dele e só umas poucas que gostam e são gostadas? Se alguém perguntar se você gosta de alguém você vai falar talvez, falar que não sabe? A gente força. É que às vezes parece que...às vezes as coisas são diferentes e ficam estranhas. É que tudo vai mudar.
(Vira-se, fica de barriga pra cima, uma longa pausa.)
Oi. To aqui de novo, meu estômago ainda dói, minha carteira de motorista venceu e acho que nada vai mudar, não vou ter aquele medo de novo...
(uma grande mistura de imagens de carros na rua, ônibus passando, pessoas conversando na mesa de bar, o barulho de um liquidificador, o choro de uma criança, um casal que passa de mãos dadas ao som de uma música eletrônica bem intensa, tudo num rebuliço que não nos permite entender as sequências. De repente, tudo fica em silêncio por um tempo, as imagens continuam, ouve-se um barulho de coração bater bem ao fundo. As imagens vão ficando mais lentas, uma escada, uma porta, um bicho de estimação e novamente o sofá com o rapaz. Ele levanta, fica um tempo sentado, ajeita o cabelo, pega um casaco que estava ali do lado, um livro, um óculos e sai.)
Um comentário:
Eu quis dizer que esse é seu melhor texto.
Mas não entendi as sequências.
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