20 agosto 2010

Tarantino



Tarantino é tudo que já sabemos: o diretor hollywoodiano da ação, do sangue, do exagero e dos roteiros irônicos. Roteirista e diretor de filmes como Pulp Fiction, Kill Bill, Cães de aluguel, entre outros, a tônica de seus filmes está na concentração da ação num ultrarealismo, que chega a extrapolar as barreiras do real, dando um toque de quadrinhos ou de animação às seqüências. A concentração da ação é tão intensa, a suspensão da tensão, num acúmulo que se dissolve só através da violência, como se não houvesse outra saída, até que outra cena apareça e o ciclo se comece novamente.
Nesse movimento tudo pode caber na ação: desde um ator que sangra o filme inteiro, no caso de Cães de Aluguel, até os diálogos de um nazista atrás de judeus em Bastardos Inglórios. Tarantino consegue usar a fórmula de Hollywood de produzir filme, ou seja: um espetáculo de ação, com imagens tremidas, tiros, perseguições, drogas, violência, suspense, tensão, adrenalina, etc. Todas essas palavras que ouvimos serem repetidas à exaustão e não sabemos muito bem o porquê. A graça é que Tarantino consegue fazer isso CONTRA o cinema de Hollywood, ele se usa da fórmula para critica-la, para ironiza-la e é uma ironia tão intensa que causa um incômodo até patético na platéia, como nos sangues espirrando em Kill Bill, ou a aposta em que alguém perderá a mão na cena de “Four Rooms”.
E esse uso dele é interessantíssimo porque apresenta alguma resistência intelectual à forma de Hollywood. A platéia que identifica o filme como um filme de seu horizonte de expectativas, ao mesmo tempo, não consegue aderir por completo, e é comum o comentário de que: “é meio sem noção”, “ele exagera”. É que na verdade, não percebem o que Tarantino fez: explorou o mercado e o consumo contra si próprio, criando um estilo de filme popular de qualidade. Soube estar no mercado e entender sua própria mídia. Soube fazer arte e reinventar o cinema, justamente onde achávamos que nada de bom tinha mais para acontecer.

Um comentário:

Ferreira, Lai disse...

Não vim aqui pra falar de Tarantino, mas acabo por dizer que concordo contigo.

Enfim. Continuo lendo aqui, mas tô numa fase meio muda.
Esse comentário é completamente aleatório (?). Aproveito pra dizer que fico sempre feliz que você continue postando.