Algumas abstrações se concretizam. Pensei agora na noção de “turista”. O turista, na abstração, é um ser que se desloca de um espaço para outro apenas para visitar por um curto espaço de tempo e depois retornar para aquele que é seu espaço. Assim, seres de outros lugares visitam a casa do morador e o morador quando vai à casa dos outros, torna-se o turista. Logo, ninguém é turista, a noção é vaga e exprime uma certa noção de deslocamento no espaço.
Comecei a tentar enfraquecer o termo. Qual o papel do turista? Lazer, cultura, diversão? Os três? Então, um Museu com ampla visitação turística pode se dizer que é uma construção apenas para essa parte da população? Então a cultura que o Museu representa é construída para um outro? E porque nós vamos ao Louvre e tiramos foto e vemos o valor enquanto que o Museu da esquina não é visto?
O turista quer lazer, vai a restaurantes, mas será que vai aos mesmos que os moradores? Ou o turista tem points diferentes? Na diversão a mesma coisa acontece? Começo a pensar no turista como uma fanstamagoria, como um ser inexistente, invisível, que movimenta a economia sem que a população perceba que ele lá está, ou então, se percebe trata de ignora-lo, fingir que não percebeu. Aumento essa noção para as construções para turistas: uma praça longínqua, um restaurante pra turisa, uma loja de souvenirs nada mais são que sombras, fantasmagorias, espaços urbanos da cidade que inexistem, porque não é feito para uma pessoa ou para um público. Ele leva em conta a concretização da abstrata noção de turista para existir e sobrevive de um público que é absolutamente desconhecido e impossível de se capturar.
Passa-se pela noção de exótico. Aquilo que é diferente do nosso necessariamente deve chamar atenção. Portanto o mercado, e provavelmente a faculdade de turismo pensa muito isso, precisa se voltar para esse ser abstrato e acéfalo que é o turista afim de explora-lo o máximo possível. Alguém que mede os gastos em restaurantes na sua cidade, como turista perde a capacidade de percepção e se faz disposto a gastar mais. O mercado explora o turista que não existe.
É interessante como se criam categorias inexistentes e ainda assim o sistema dá um jeito de transformar isso em mercado. E o turista, esse fantasma de qualquer cidade, passa a ser um ser importante, mesmo que não seja ninguém.
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