09 julho 2011

os cus de judas



Acabei de ler Os cus de Judas. Digo que não gosto de narrativas a partir de fluxos de consciência, nem da associação caótica de idéias. Sinto-me geralmente que se entrega ao acaso a criação artística, algo que, pra mim, precisa de uma mão forte e um alto investimento de controle da mão do autor.
Lobo Antunes é obviamente um homem que domina a linguagem poética, mas pra mim, esbarra às vezes nas imagens óbvias, na tentativa desesperada de poetizar tudo. O contraste entre linguagem poética e experiência seca é interessante, mas em alguns momentos resulta em palavrórios que não rumam a lugar nenhum.
A constante repetição de termos e imagens em determinado momento me cansou e, a partir daí, me tornei blindado às experiências que ele queria transmitir. Seu pênis ficava duro em cada capítulo e se pensava em mijar, cagar e em sangue, assim como em pedaços de feridos e copos de whisky. É o clichê da experiência poética da guerra. Há quem diga: "mas ele fala examente disso, da banalização da mutilação e da morte." Eu digo que a banalização só pode vir com a linguagem banal, que a linguagem poética eleva o acidente, dando-lhe tonalidades heróicas.
Enfim, é um livro interessante de ser lido, mas não é algo que me venha a encher os olhos...

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