Estava no ônibus e por mais uma dessas coincidências da vida a bateria do meu celular acabou e não pude ouvir música. Ouvi então os sons do motor, do vento lá fora e de alguns diálogos sussurrados por perto. Ao meu lado, haviam dois portugueses. Um casal de sessenta e poucos anos passeando, olhando a vista como se estivesse a reconhecer neles alguma coisa que havia do lado de fora.
A beleza que eles viam é a beleza que já não vejo, mas decidi ver com eles, junto deles, à partir deles e foi aí que tive uma pequena sensação, frágil, bela. Olhavam à mata, quando o homem disse: "não há nada, mas é lindíssimo."
Essa frase que pode significar tanto me fez automaticamente entender um milhão de coisas sobre a vida e, naquele instante, me dei o direito de sonhar.
Às vezes, precisamos dos outros pra reencantar o mundo pra gente.
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