30 abril 2008
aprendendo a viver (ou a lhe ver)
"Não se pergunta o mais importante, o mais importante é sermos felizes juntos."
24 abril 2008
foi sim
depois falo do meu aniversário, que sim, como todos os outros deu trabalho, foi um ano suado!
23 abril 2008
o baile
Assim, dançaram por grande parte da noite para os olhos atentos e curiosos dos presentes, e principalmente do patrão da menina. Ao final da noite, ele dispensa a carona dos amigos para leva-la para casa, onde no portão, dela se despede com um beijo longo, simples e puro.
19 abril 2008
rimar é fácil
impotente e prepotente
mas que rende
fere rente
como gotas de um banho indecente
como fugas de um sonho recente
como mudas de um galho incidente
e nesse vagar errante e doente
dos sentimentos que plantam sementes
me vejo e me retorno demente
e se agora comigo não sentes
espera...que essas rimas te esperam somente.
(somente, mas livremente)
16 abril 2008
babá espanca bebê
14 abril 2008
janelas paralelas
e
que sinta que mente
e entenda que pense
me é impossível chegar aqui
e ser impessoal
ou falar do frívolo
é que, sei lá, pra mim
é sempre tudo tão pro-
fundo
12 abril 2008
se eu fosse livre
desapego
Sentados no sofá da sala, Francisco e Fernando estavam a aproximadamente vinte minutos sem pronunciarem palavra alguma. Olhavam-se, desviavam o olhar, um levantava, ia até a janela, voltava a sentar, enquanto o outro fuçava alguma coisa nos bolsos, e assim foi até Regina adentrar no recinto de mãos dadas com Pedro. Ele estava com o terno de marinheiro azul, roupa de festa que usara apenas uma vez, por ser considerada a roupa dos momentos especiais, porém, até então, sem saber o quão especial seria aquele dia para a vida de todas essas pessoas.
Fernando se levanta, Pedro corre para seu lado, dando-lhe as mãos e os dois se dirigem à porta. Ali de baixo do vão que deixava o sol entrar na sala, viram-se juntos, olhando para trás. Pedro sorri para os pais, Fernando passa o olho pela casa e diz:
- Voltamos em pouco tempo.
E começam a sair. Regina pronuncia um rápido “Vão com Deus”, que só é ouvido por Pedro que vira para trás, olhando sorridente para a mãe. Saindo, viram a direita e somem do campo de visão de Regina e Francisco, mas a mãe com um insight corre em direção à porta.
10 abril 2008
danadão
ziul diz:
pq pedrp?
Pedrp diz:
ah cara
é simples
eu fui digitar e errei
ziul diz:
aaahhh dai se cagou, ne?
Pedro diz:
não
foi só isso mesmo
daí eu corrigi agora
ziul diz:
aah tá...
que sem graça
Pedro diz:
nem po
achei um fato manero
ziul diz:
eu não
faltou coco
Pedro diz:
nem po
cocô fede e é moh nojento
ziul diz:
mas uma história com coco é sempre uma boa história
Pedro diz:
ai
eu fico com vontade de vomitar, sabe
ziul diz:
mas vomita?
pq vomitar tambem faz uma história ser maneira
catarse
Abre o portão do prédio e já olha para os lados e pra frente pra ver se consegue ver algum pivete, ou alguém suspeito rodeando por ali, caso não veja, vira para seu caminho e vai embora, vamo que vamo, pé na estrada, passo e pulso acelerados. Chega no ponto de ônibus e tira a mochila das costas, ninguém roubaria na mão boba por trás sem ele ver. Caso haja alguém suspeito por perto, anda até o ponto ao lado, caso algum mendigo atravessa a rua na sua direção, volta para casa. Tudo tem uma fuga. Chega o ônibus e entra, só senta no corredor com a mochila no colo perto do trocador olhando para quem entra e olhando para quem sai. Salta do ônibus, olha pros lados e escolhe o caminho mais perto. Vai como flecha.
Chega em casa a noite cansado, exausto com dores de cabeça, dorme mal. Acha a vida um estresse.
Dia seguinte, sai do portão do prédio tenso e é logo assaltado. Dá 10 reais lá pro sujeito e vai embora pra aula. Nunca foi tão leve, nunca se sentiu tão bem, estuda bem, dorme bem, diz oi pro trocador, pro motorista, ameaça até conversar com pessoas no ônibus, dá o lugar para os velhinhos. Enfim, sente a liberdade que ele tem quando já não tem.
solidão
08 abril 2008
o último
palavra aleatória escolhida por Pedro Fernandes
Pedro diz:
é pq tava tocando "pela última vez" na tv
daí eu falei ultimo, pq eu queria falar no masculino
é mais manero
Ele estava lá quando eu já não estava mais, aliás eu já tinha ido faz tempo, mas sabia que ele ainda estava, ou estaria por um bom tempo. Sabia que se eu voltasse, ele iria embora então eu não poderia ir vê-lo. Ele é mais paciente, mais tranquilo, mais calmo, mais persistente. Acima de tudo é um homem de fé, muita fé; fé ou desespero, mas ele é um ser complex(t)o. Ele demora mais nas cocas-colas, nas jornais, nos programas de tvs, na internet, ele sempre está presente, embora não esteja sempre presente pra mim ou pra você, mas está sempre lá. Você não vai se sentindo só, nem eu, porque ele está lá, fazendo companhia até o fim. Se ele morrer, alguma humanidade morre.
Uma vez ele saiu pra comprar pão e eu achei que eu tinha ficado sozinho; não aguentei, gritei, esperneei, liguei pra minha mãe que obviamente não poderia atender, tentei cigarro, cerveja, violão, música, nada tinha por ali, nada. Era o maior silêncio da minha vida. Pra mim era tão difícil, mas ainda bem que em pouco tempo ele voltou com a mesma paz de sempre e tomou de volta seu lugar, me deixando ir.
No dia que eu tentei acabar, ele estava lá e me impediu. No dia que eu tentei dormir, ele sentou do meu lado, segurou minha mão e esperou. No dia que eu fui pra festa e não queria ir embora, ele tal qual segurança ficou até o fim e me fez companhia. Ele é o que mais gosto em mim, mas sei que quando ele precisar não vou poder estar para ajudar.
07 abril 2008
per-doar=for-give
06 abril 2008
fragmentos de ficção I
Palavra aleatória por Milla Muniz: amigo
- Milla . diz:
foi a primeira que veio na mente
eu até pensei em escrever outra sabe? mas acho que nao seria sincero
Joana estava sozinha em casa. Resolvera andar nua, colocar um som alto e fechar todas as cortinas para que se olhasse de dentro e para que a casa só lhe olhasse por dentro, depois de um tempo nua, percebeu que ainda não estava totalmente nua, não se sentia. Resolveu então tomar um banho, achava que no contato do sabonete e da esponja em seu corpo poderia chegar mais perto de si e começou o processo de limpeza, liberdade e auto-consciência. Escolhera a água gelada.
Ensaboada se tocava, tentava manter toda a proximidade de si, passar a mão e a esponja em todas as partes do corpo e nada. Talvez não tenha nascido para se sentir. E se se masturba?
Odiou com veemência a idéia, saiu do banho com raiva, se secou e se vestiu com a maior roupa e a que mais lhe tapava: do pescoço aos pés. Resolveu prender o cabelo. Abriu todas as janelas e destrancou as portas sentindo uma tristeza imensa do que não pudera realizar: esse auto-conhecimento que só uma casa vazia poderia concretizar. Foi quando na porta bateu alguém. Uma amiga de infância que Joana chamou para dentro, fez-lhe um lanche, pegou uma coca-cola e as duas devagar conversavam, como quem não tem pressa de nada.
Joana não percebeu mas ela já estava chegando a esse seu auto-conhecimento, prova disso é que já tirara o casaco e as meias. Joana não percebeu mas talvez intuiu que a gente só encontra a gente num amigo e principalmente quando a gente está distraído.
tentativa 1
Gosto de assumir coisas minhas, muitas vezes gosto até de assumir coisas dos outros. Se eu fosse fazer um tratado sobre a coisa acho que diria que o que dela transparece são só uns mal hábitos, um singelo mal humor e algumas atitudes dissimuladas, que transparecem a definição de coisa. Acontece é que eu descobri que eu não tinha coisa nesse caso e não foi coisa minha quando tive um dia de estar comigo do jeito que eu queria e percebi que me diverti e fiz até o que me parecia impossível. Por isso acho que retrospectivamente...caramba, onde é que raios eu estou querendo chegar?
05 abril 2008
03 abril 2008
pensado
"Só faz poesia ou vive poesia quem entende de madrugada e entrega ao corpo as dores da alma e do coração."
Depois fiquei tentando entender o que eu havia pensado e principalmente porque eu havia pensado nessa frase justamente na hora de dormir enquanto escovava os dentes. Pra variar não consegui me responder, mas acho que conciliatoriamente entendi em mim que essa frase veio justamente porque eu entrego ao meu corpo todas as dores da minha alma e do meu coração.
Termino com uma frase de meu professor Walder:
Fomos nascidos e criados para a felicidade, mas temos sofrimento desde o primeiro momento.
gentileza sem chance
Pouco depois desci do ônibus e andando pra casa, sozinho, percebi como eu gostaria que o mundo me tivesse dado uma chance de ser gentil com ela.
02 abril 2008
topar
01 abril 2008
urbanidades
Meus deus, eu que sempre resolvo tentar saber tanto; eu que tento ser de mim para mim, e viver por mim, mas que me abandono sempre pelo outro. E pior, sempre que me abandono é quando chego muito mais perto de me encontrar, embora nunca me encontre.
Acabei de assistir Polaróides Urbanas, o filme que é a primeira direção cinematográfica do Miguel Falabella. Tenho que dizer que foi com espanto que recebi esse filme. Foram choros e gargalhadas acompanhadas somente por mim nas já costumeiras idas solitárias ao cinema nas tardes cariocas. Choro porque sofro com aquelas personagens, rio porque também sou um pouco delas, e sendo, compartilho com elas essa nossa solidão, que no final, sempre nos parece engraçada, ou não?
Acho que resolvi escrever simples hoje, escrever simples porque quero ser entendido, acho que cansei da minha solitária missão de fazer arte, de esconder signos pra lá e pra cá. Queria hoje poder dizer em eterno estado de crônica, de sair falando e falando e no tempo que você me lê, ir entendendo e gostando, e sentindo que divide alguma coisa comigo, nesse momento único que é estarmos longe fisicamente e tão perto dentro, nessa coisa que a gente pode chamar de alma, mas que eu prefiro chamar de “a gente mesmo”.
Tem uma cena do filme que eu resolvi transcrever porque demonstra tudo isso que eu tentei dizer aí em cima. Vamos a ela:
Numa praia, uma mulher quarentona e um menino de vinte e poucos anos conversam:
tenho que falar pra senhora, o que eu disse de ser stripper é mentira. Eu sou garoto de programa...
Como?
É...eu faço sexo por dinheiro.
Bem...pelo menos faz sexo, ne?
E nesse completo encontro de perdidos na urbanidade que seguiu minha cabeça. Andar na rua foi estranho, mas voltei pra casa, retomei a rotina e já está tudo bem. E por que será que finalmente quando volta tudo ao normal me dá vontade de dormir?