06 abril 2008

fragmentos de ficção I


Palavra aleatória por Milla Muniz: amigo


- Milla . diz:

foi a primeira que veio na mente

eu até pensei em escrever outra sabe? mas acho que nao seria sincero


Joana estava sozinha em casa. Resolvera andar nua, colocar um som alto e fechar todas as cortinas para que se olhasse de dentro e para que a casa só lhe olhasse por dentro, depois de um tempo nua, percebeu que ainda não estava totalmente nua, não se sentia. Resolveu então tomar um banho, achava que no contato do sabonete e da esponja em seu corpo poderia chegar mais perto de si e começou o processo de limpeza, liberdade e auto-consciência. Escolhera a água gelada.


Ensaboada se tocava, tentava manter toda a proximidade de si, passar a mão e a esponja em todas as partes do corpo e nada. Talvez não tenha nascido para se sentir. E se se masturba?


Odiou com veemência a idéia, saiu do banho com raiva, se secou e se vestiu com a maior roupa e a que mais lhe tapava: do pescoço aos pés. Resolveu prender o cabelo. Abriu todas as janelas e destrancou as portas sentindo uma tristeza imensa do que não pudera realizar: esse auto-conhecimento que só uma casa vazia poderia concretizar. Foi quando na porta bateu alguém. Uma amiga de infância que Joana chamou para dentro, fez-lhe um lanche, pegou uma coca-cola e as duas devagar conversavam, como quem não tem pressa de nada.


Joana não percebeu mas ela já estava chegando a esse seu auto-conhecimento, prova disso é que já tirara o casaco e as meias. Joana não percebeu mas talvez intuiu que a gente só encontra a gente num amigo e principalmente quando a gente está distraído.

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