Não entendo as poesias, vazias.
Se dizem de sonhos, mas me parecem de mim
Estico e esgarço-as, nada sobra
Eu sobro.
A poesia que imagino e que não vivo
Seria poesia de outro, de fora
De quem não sabe que diz, e rima
Incessantemente palavra à palavra
Aí eu olho o computador e vejo as linhas
Que lembram poesia pela forma
Mas não parecem nada e não são.
Sinto vontade de falar palavrão...
Finalmente eu lembro o que me fez vir aqui
Queria escrever sobre esse outro
Esse sentimento imenso e feliz
Que faz que a poesia seja eu
Enquanto quero que ela seja de outro
E é nesse esforço que é sentir –
Quando toda poesia parece estúpida
E todas as palavras são ditas
E imensamente repetidas –
Que percebo que é dessa matéria que a vida é feita
Dessa mesmo
Disso tudo
Desse movimento
Que não sei o que é...
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