Acordo cedo e não me reconheço.
Não sei se madrugo ou se anoiteço
Se sou o que reclama ou o que pede
O que despenca ou o que desce
O que brinca ou amadurece
Não sei se me divirto ou se pereço
Se mergulho na praia ou atolo na serra
Se gosto do grito ou do silêncio
Se sou de família ou do bar
Oscilo e não me reconheço.
E quando deito
tenho uma saudade sem nome
(saudade talvez em inglês)
de tudo que sou
quando não estou sendo
ou que não sou
quando insisto em ser
e essa saudade
me empurra pros lados
pra baixo, pra cima
e a cabeça latejante
pensa, duvida
e até o último instante
acredita na sorte.
Enfim, durmo.
Acordo cedo e não me reconheço.
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