Em demasia. Essa expressão não saía da minha cabeça enquanto eu tentava ultrapassar o limite lógico entre ser interessante e ser o interesse de todos. Nunca me preocupei com o que pensam, mas sempre pensei sobre as preocupações, talvez não por uma vontade interior de expor alguma coisa minha, mas somente por uma necessidade básica de me comunicar, nem que fosse através dos problemas e preocupações em comum das pessoas.
Acontece que ser interessante era um afrodisíaco e isso me motivava a ir além de mim próprio. Não fazendo propaganda enganosa com estilos, olhares, citações, mas como motor de meu aperfeiçoamento num mundo em que a maioria parece preferir ser idiota. Ser interessante foi meu meio de sobrevivência durante muito tempo e hoje ainda o é, embora eu ache que já não o seja de maneira eloquente. Uma vida em excesso se desgasta sob os olhos dos outros e só volta a ter valor na distância.
Até que eu percebo que deixei de ser interessante e passei a ser o interesse dos outros. Que a demanda que eles tem sobre mim criou uma certa dependência, um vício e que não posso mais deixar de corresponder à essas mini expectativas. E aí a pessoa feliz e completa acha que eu posso ser um cadinho mais e a pessoa triste acha que devo ser seu pilar. E a família acha que devo ser fonte de entretenimento e os amigos fonte de energia sem fim para cervejas, piadas e sorrisos.
Deixei de ser interessante e virei interesse.
Deixei de ter valor pra virar moeda de troca. Quando percebi isso com tanta força como agora me veio a expressão. Em demasia. E em demasia sigo, tentando completar os outros e me esconder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário