palavra aleatória escolhida por Pedro Fernandes
Pedro diz:
é pq tava tocando "pela última vez" na tv
daí eu falei ultimo, pq eu queria falar no masculino
é mais manero
Ele estava lá quando eu já não estava mais, aliás eu já tinha ido faz tempo, mas sabia que ele ainda estava, ou estaria por um bom tempo. Sabia que se eu voltasse, ele iria embora então eu não poderia ir vê-lo. Ele é mais paciente, mais tranquilo, mais calmo, mais persistente. Acima de tudo é um homem de fé, muita fé; fé ou desespero, mas ele é um ser complex(t)o. Ele demora mais nas cocas-colas, nas jornais, nos programas de tvs, na internet, ele sempre está presente, embora não esteja sempre presente pra mim ou pra você, mas está sempre lá. Você não vai se sentindo só, nem eu, porque ele está lá, fazendo companhia até o fim. Se ele morrer, alguma humanidade morre.
Uma vez ele saiu pra comprar pão e eu achei que eu tinha ficado sozinho; não aguentei, gritei, esperneei, liguei pra minha mãe que obviamente não poderia atender, tentei cigarro, cerveja, violão, música, nada tinha por ali, nada. Era o maior silêncio da minha vida. Pra mim era tão difícil, mas ainda bem que em pouco tempo ele voltou com a mesma paz de sempre e tomou de volta seu lugar, me deixando ir.
No dia que eu tentei acabar, ele estava lá e me impediu. No dia que eu tentei dormir, ele sentou do meu lado, segurou minha mão e esperou. No dia que eu fui pra festa e não queria ir embora, ele tal qual segurança ficou até o fim e me fez companhia. Ele é o que mais gosto em mim, mas sei que quando ele precisar não vou poder estar para ajudar.
2 comentários:
quem ser ele? seu pai? um amigo? Deus?
isso tá muito bom . . . A linguagem indefinida, sugestiva antes de descritiva, insinuante, que mais se importa com as relações do que com os personagens (isto é, que se importa com o mais importante) deixa no ar qualquer máscara (ou prisão, ou colchão) com que todo leitor sensível pode se identificar -- sim, você postou o universal . . . até a penúltima frase, o texto é arguto, agudo em expressar um sentimento tão difícil e tão bonito de viver por alguém (dependência é um nome grosseiro, mas aproximado) mas o final é realmente impressionante . . . Parece uma contradição, uma reviravolta -- enquanto, na verdade, dá a essência mesma contraditória, convulsiva, que se debate só e em vão de alguém que sente sempre o último (idéia que não faz sentido sem o corresponte e complementar -- o primeiro) . . .
Será que este precisa daquele?!
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