01 março 2010

sentimento breve

O que mais me incomoda no mundo é o eterno desarranjo entre palavra e vida. Há alguma coisa bonita, não importa se é envolvimento, amor, ficada, o cacete, não importa, e está tudo bem demais, até que alguém resolve pensar sobre aquilo, resolve transformar em palavra, aí vai tudo por água abaixo, porque um envolvimento, um amor, uma ficada não resiste a uma palavra. Quanto mais se diz, mais se destrói, quando mais se tenta entender pior será. Então a gente entende que toda despedida nada mais é que a hora da palavra, o verdadeiro momento que ela se concretiza, onde não há mais nada, só um carinho que a gente esconde e guarda. O resto continua sendo silêncio e os beijos a gente guarda pra mais tarde, pra depois, pra outra pessoa. Até que fica só uma saudade, mas um sentimento saudade, uma coisa sem palavras de que tudo poderia ter sido diferente, melhor, como se qualquer erro fosse só um tempero e como se qualquer breve amor durasse pra sempre dentro de nós.

2 comentários:

Ferreira, Lai disse...

Ah, não!
(como você ensinou.)

B. disse...

Exatamente.

E eu também me arrependo do que escrevo...